19.9.07

Ambiente de cabaret à solta no Theatro Circo




As três Glam-O-Rama (ao centro) e duas ajudantes bracarenses criaram em palco cenas ousadas



Pedro Antunes Pereira


Há palavras que usadas em determinados contextos querem dizer tudo. Uma delas é "indescritível" que tem ainda mais uma particularidade não precisa de quase nenhuma explicação quando é aplicada. Num contexto de espectáculo só tem dois significados: ou que a apresentação foi muito boa ou que foi muito má. Coloca também a quem faz uma crítica, um problema: pouco mais pode ser dito.O grande espectáculo que abriu, anteontem à noite, a nova temporada do Theatro Circo, em Braga - e que marcou também o arranque do Festival do Burlesco, que durante os próximos dois meses trás à cidade alguns nomes incontornáveis desta arte -, é "indescritível".As Glam-O-Rama são duas americanas e uma canadiana que apresentaram um espectáculo ousado, onde se tira muita roupa, onde se dança e onde se fica bem disposto (muito por culpa do apresentador, Vincent Drumbruie, saído do meio do público fingindo que não sabia ao que ia). As três raparigas levam o espectador até ao início do século XX, onde o espírito do 'boulevard', do cabaret, das meninas que faziam a libido masculina aumentar, conhecidas como "pin-ups", eram uma das mais populares e "discretas" artes da América.Para Bettina May fica reservado o imaginário do "táxi-driver", do cowboy em contraponto com Vienna La Rouge que incarna a mulher mais recatada, mais erudita. Tana The Tattooed Lady é a mais "vamp", a mais ousada, a líder por excelência. No fundo, a Marilyn Monroe lá do sítio, a quem presta, curiosamente, uma homenagem cantando ao vivo "Diamonds Are a Girl's Best Friend".Para além de uma reacção e adesão efusiva do público, merece também destaque a participação de mais dois elementos femininos. As duas bracarenses que no dia anterior fizeram um workshop com as Glam-O-Rama e onde apreenderam a técnica de ser uma "pin-up". Rita e Telma funcionaram com "as ajudantes" deste grande cabaret, onde só faltou o fumo dos cigarros e whisky proibido pela lei seca.Nem uma ou outra falha técnica, sobretudo ao nível dos microfones, tirou o brilho e a cor a este "Girly Show" onde um dos seus pontos altos foi a escolha de um elemento masculino do público, como a "pin-up" da noite. David teve que dançar e mostrar todas as suas capacidades no burlesco. Foi o vencedor e levou para casa um par de adereços, daqueles que se usam para tapar determinadas partes dos seios. Resumindo grande um espectáculo a marcar o arranque da nova temporada do Theatro Circo que a continuar assim vai prometer.

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